Parte 4 — Lembro-me como se fosse hoje. Eu fiquei paralisada olhando para ele e ele para mim. – Ela pegou minha mão e disse olhando bem nos meus olhos. — Um dia você saberá o que é isso querida, ouça-me – de repente ela ficou muito séria — não fique com alguém que você goste. Precisa amar e ter a certeza de que o sentimento é recíproco. Não aceite menos que isso entendeu? Se você casar gostando, não vai conseguir suportar as batalhas que certamente surgem na vida a dois. – Ela pegou minha outra mão e uniu ambas — O casal é como a mão direita e a esquerda. Uma precisa da outra, se você estiver no mar e tentar nadar até a praia com um braço só, talvez ficará nadando em círculos, se cansará e poderá morrer afogada. Entendeu Eliza? Eu fiquei olhando para minhas mãos e sem querer pensei em Fernando, mas logo afastei o pensamento e voltei a olhar para ela. — Sim senhora! – Respondi parecendo um robô e ela logo voltou à história. — Eu o cumprimentei, ele sorriu para mim e felicitou-me pela
Parte 3 Dia após dia foi transcorrendo normalmente, eu com os cuidados com dona Cristina e ela cada dia tinha uma história para me contar. Cada uma mais fascinante que a outra, eu sabia que ela tinha segredos. Mas um dia ela me chamou com uma voz embargada, era a primeira vez em dois meses que eu a via falar assim. Parecia cansada. — Eliza, no quartinho de passar roupa, na última prateleira onde tem algumas caixas com etiquetas laranjas, tem uma com desenho floral meio apagado pelo tempo. Por favor, trague-a para mim. Eu fui imediatamente, encontrei a caixa, era menor que as outras e estava bem afastada, quase escondida. — Aqui está dona Cristina. A senhora está se sentindo bem? Não quer que eu chame o seu médico? — Não querida, estou bem. – Mas ela não estava, eu percebi isso, ela falava como se estivesse triste, porém sorrindo. – Apenas com a emoção cansada, sabe que existe isso? As emoções também se cansam, até ficarmos sem sentir nada. — Oh não dona Cristina, sempre tem novas emo